quinta-feira, agosto 13, 2009

The Time Machine - Part 1


Como era comum, ele saía às tardes cheias de ócio, percorria quase uma hora de seu bairro até o centro comercial da cidade. As ruas sempre movimentadas, o comércio sempre fervilhando, pessoas de todos os rostos, idades, indo e vindo, desviando-se dele. Outras vezes precisava se esquivar de vendedores com seus tabuleiros. A chuva já começara a cair, algumas três gotas sobre seu braço. Mesmo com todas aquelas pessoas que não se sabia quem eram, nem de onde e pra onde iam, sentia-se solitário. Aquela gente estranha apenas fazia parte de um gigantesco cenário, elementos não coadjuvantes, nem precisavam estar ali. Apenas transtornavam sua passagem. A chuva começa a ficar mais forte quando ele entra em uma loja de variedades, uma grande loja. Nem queria comprar nada, mas já sabia qual primeira seção iria, já que teria que passar a chuva.
Na sua infância os brinquedos não precisavam de tanta tecnologia. Os lúdicos eram mais prazerosos, mas aquele fusca a pilha, da polícia, com sirene e tudo não saíam de sua imaginação. Foi um brinquedo prometido que nunca pode ganhar. As crianças não conseguem assimilar as promessas não cumpridas. Ele transitava entre prateleiras, fitava os brinquedos, já não tinha idade pra brincar, justo agora que não dependia de promessas. Os brinquedos perdem a graça e o sentido quando se é adulto. Se agora ele pudesse presentearia a criança que foi. Como nos filmes de ficção, filmes de viagem no tempo. Seus filmes de ficção preferidos. A vontade de consertar pequenos deslizes, evitar erros incorrigíveis, desdizer palavras, ou pronunciar outras que precisavam ser ditas. Na ficção isso era sempre possível, mas como um clichê desses filmes, a alteração do que já acontecera trazia graves prejuízos. Não era isso que ele queria. Esperava apenas que todos confiassem nele, queria evitar mal-entendidos e as conseqüências causadas pela falta de articulação das palavras.
Era possível criar vários personagens de si, com histórias e enredos diferentes. Cada um seguindo uma ramificação do que poderia ou deveria ter acontecido, não fosse tamanho mal-entendido. Cada um em época distinta.

Um comentário:

Repórter de Sandálias disse...

Ei, atualizações!! Q legal! Estarei sempre por aqui.

Bjs