segunda-feira, agosto 17, 2009

(Abçs)


As esculturas.
Elas estão ali
E só isso
Pelo menos as que
representam nossa figura humana
Não abraçam
Embora possam ser abraçadas
Sempre frias
Lindas, intrigantes
Ficam ali estáticas
Para serem admiradas
Nem isso sequer esperam
Depois que são concebidas
Tornam-se independentes
Possuem personalidade própria
e sentimos suas almas
Sim, esculturas têm almas
Embora não sejam donas delas
é possível sentir
A alma do escultor
Até movimento elas têm
Mas um movimento estático
São fortes, duram séculos
Mas não passam de esculturas
Seus braços não se movem
Para nos abraçar
Para retribuir o abraço
Mesmo que fosse possível
Criar esculturas robôs
Sem vida
Então agora elas poderiam abraçar
Mas esse abraço seria outra escultura
Os abraços nem alma teriam
Por se tratarem de esculturas feitas
Pelas próprias esculturas
A sensação ao abraçar estátuas
é a mesma de se jogar um manto de cetim
Sobre elas,
escorrega e vai ao chão como os abraços
são desperdiçados quando
dados em estátuas
Nós somos esculturas
De gesso
De madeira ou bronze
O mundo nos abraça
Somos só indiferença
Que falta sinto
De um abraço
Apertado
De um longo abraço
Sem pressa
O abraço, termo singular,
É composto por três pessoas
Eu, o outro e o amor
Como uma espécie de trindade
Três pessoas em uma só
Sintam então o abraço deste escultor
De palavras mal elaboradas
mas não sejam como as estátuas
E deixem que sintam os seus abraços

2 comentários:

Repórter de Sandálias disse...

Realmente, mta falta faz um abraço. Mas abraço virtual é igual q nem abraço de escultura. Não é a mesma coisa q abraço de carne, osso, amor e calor humano! Tb não recebo um desses há séculos. Tenho medo de estar me tornando uma escultura...

Extranissimo disse...

É mesmo, abraço virtual não é abraço mesmo e nunca será, apenas representa o desejo de um abraço. Mas ha pouco tempo recebi um desses abraços verdadeiros. Isso me fez muito bem. Foi de um amigo peruano que ha muito tempo não o via. Isso me motivou a escrever algo sobre o abraço